A Ilha Encantada

Caliban – Tradução Intersemiótica de Diálogos em “A Tempestade”


Caliban – Tradução Intersemiótica dos diálogos entre Caliban e Próspero

Caliban é um dos personagens principais da peça “A Tempestade”, uma comédia de William Shakespeare (c. 1611). Do ponto de vista de seu amo, Próspero, Caliban é um selvagem que não se ajusta ao mundo civilizado do qual Próspero se origina.

Próspero e sua filha Miranda ensinaram a linguagem a Caliban, na qual este não percebe qualquer vantagem para si mesmo, exceto que ele então a podia usar para xingar: “Vocês me ensinaram a linguagem e a única vantagem que ela me traz é eu saber amaldiçoar” (Ato 1, Cena 2).

Caliban era proficiente em usar a língua para seus próprios interesses, tais como tentar subornar Estéfano para tomar partido contra Próspero. Mas ele não estava disposto a reconhecer que qualquer coisa procedente do assim chamado mundo civilizado lhe pudesse trazer qualquer benefício.

Naturalmente, A Tempestade não gira somente em torno das tensões entre Caliban e Próspero. A razão de eu ter escolhido Caliban como objeto de um ensaio musical é que vi no íntimo desse personagem a manifestação silenciosa das ruidosas tensões entre Caliban e seu amo.

A tradução intersemiótica Caliban tenta capturar essa luta interna para a qual não há resolução. O humor da peça tende a ser irrequieto, ansioso e confuso.

O ouvinte talvez experimente um misto de irritabilidade e fadiga. O tema principal é repetido vez após vez com variações, mas sem relaxamento. O acorde final tem uma nota dissonante que elimina a expectativa de algum repouso ser alcançado ao final.

Quer me parecer, e o digo de uma perspectiva pessoal, que tais sensações encontradas na peça de Shakespeare têm abundância de combustível nos acontecimentos atuais, em especial no que concerne às lutas por poder em todo o mundo.

O senso de equilíbrio parece ser inalcançável para a maior parte das instituições do mundo, estejam elas onde estiverem. Isto parece resumir o grosso das relações humanas: conflitos, lutas, disputas, traição, egoísmo, desalento. A raça humana, é o que parece, em nada mudou, afinal, desde o começo da história. Será que o que sentiu a plateia de Shakespeare é o que nós ainda hoje podemos sentir?


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