Uma causa do “primeiro eu”

Nos dias atuais, quando a política exterior da Inglaterra é expressa pela doutrina da não intervenção, quando em casa a própria sociedade não reconhece outro padrão senão o de competição, é difícil para o indivíduo reconhecer quaisquer interesses que sejam mais elevados e mais abrangentes do que seus próprios interesses.

Quarterly Review, 1873
Tradução: Wisley Vilela

A crítica acima, da Quarterly Review, registrada há quase 150 anos, aponta a “competição” como uma das causas da inabilidade das pessoas de olhar para além de seus próprios interesses.

Será que isso explica a falta de empatia que adoece a sociedade brasileira no século 21? Entre os menos afortunados, a guerra pela sobrevivência draga todo o tempo que poderia ser destinado aos “interesses mais elevados e mais abrangentes”.

Muitos dos demais, ao que parece, competindo por fama, riquezas e poder político, agem como burros tapados que só enxergam uma estreita linha diante de si para seus objetivos escusos.

Todo objetivo que ignora e suprime interesses mais elevados e abrangentes tem algo de escuso em si mesmo.